segunda-feira, 27 de abril de 2009

FRONTEIRA (Miguel Torga)


De um lado terra, doutro lado terra;
De um lado gente; doutro lado gente;
Lados e filhos desta mesma serra,
O mesmo céu os olha e os consente.

O mesmo beijo aqui; o mesmo beijo além;
Uivos iguais de cão ou de alcateia.
E a mesma lua lírica que vem
Corar meadas de uma velha teia.

Mas uma força que não tem razão,
Que não tem olhos, que não tem sentido,
Passa e reparte o coração
Do mais pequeno tojo adormecido.


2 comentários:

Elaneobrigo disse...

este "homes" são uns grandes artistas

A. Couto disse...

Singelamente fantastico